Wanderlei Barbosa retorna ao cargo de governador do Tocantins após liminar do STF
Decisão do ministro Nunes Marques revoga afastamento decretado pelo STJ e já tem efeito imediato.
O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) retornou ao cargo no Tocantins nesta sexta-feira (5) após uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques. A decisão, publicada nesta data, revoga o afastamento de 180 dias determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e já produz efeitos imediatos.
Barbosa estava afastado há três meses, desde 3 de setembro de 2025, por suspeita de desvio de recursos públicos em contratos para compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. A primeira-dama, Karynne Sotero, também foi afastada na mesma decisão, mas seu retorno não é mencionado na liminar do STF.
Reação e fundamentação da decisão
Pouco após a publicação da liminar, por volta das 16h20, Wanderlei Barbosa publicou uma foto em suas redes sociais ajoelhado em frente a um portal das Serras Gerais. Na legenda, escreveu: "Obrigado meu Deus". A publicação ultrapassou 3 mil curtidas e 800 comentários em menos de seis minutos.
Em nota, a defesa do governador afirmou que "recebe com serenidade a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal proferida na data de hoje, a qual viabiliza o seu retorno ao cargo para o qual foi legitimamente eleito".
Na decisão, o ministro Nunes Marques argumentou que o afastamento causa impacto na continuidade da Administração Pública às vésperas de ano eleitoral, "gerando grave instabilidade política e jurídica". Segundo ele, o afastamento de um chefe do Executivo exige fundamentação robusta e demonstração inequívoca de necessidade. A Procuradoria-Geral da República também se manifestou contrária ao afastamento durante o processo.
Contexto do afastamento e investigações
O afastamento de Barbosa e da primeira-dama foi decretado pelo ministro do STJ Mauro Campbell e posteriormente referendado pela Corte Especial do órgão. As investigações da Polícia Federal apontam para um esquema de desvios ocorrido em 2020 e 2021, período de emergência em saúde pública.
Na época, Wanderlei Barbosa era responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que gerenciava os recursos de auxílio durante a pandemia. A PF investiga crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa.
As investigações indicam que Karynne Sotero teria intermediado contratações, atuado na organização documental e tomado ciência da distribuição de vantagens indevidas.
Medidas do vice-governador e próximos passos
Durante o afastamento, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu o cargo. Sua primeira medida foi exonerar todos os secretários do primeiro escalão da gestão anterior. Ele também suspendeu um contrato com uma empresa de táxi aéreo para fornecimento de um avião usado por Barbosa.
A liminar do ministro Nunes Marques ainda deverá ser referendada pela Segunda Turma do STF nos próximos dias. O g1 tenta contato com o vice-governador Laurez Moreira para comentar o retorno de Wanderlei Barbosa ao Palácio do Araguaia.
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