Jabuti sobrevive quase 10 anos sob piso de casa e é devolvido à natureza no TO
Animal foi resgatado após ser encontrado durante reparo e passou por meses de reabilitação em centro especializado.
Um jabuti-piranga que passou quase uma década preso sob o piso de uma residência em Itacajá, no Tocantins, foi solto em seu habitat natural após um processo de reabilitação. O animal, batizado de Donatello, foi descoberto em fevereiro de 2025 durante a verificação de uma infiltração e libertado em setembro do mesmo ano.
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informou que o jabuti foi avaliado e recebeu todos os cuidados necessários no Centro de Fauna (Cefau) de Palmas, incluindo a reparação de seu casco. A coordenadora do Cefau, Mayumi Caetano Matuoca, afirmou que o animal apresentou condições plenas para retornar à vida livre.
Resgate e suspeita sobre origem
O animal foi encontrado no dia 7 de fevereiro de 2025 na casa de Luiza Coelha da Cruz Aguiar, de 60 anos. A moradora e seu marido chamaram um pedreiro para investigar uma infiltração, e o profissional identificou uma parte oca no piso. Ao quebrá-la, descobriram o jabuti soterrado.
Luiza suspeita que o animal chegou ao local em um carregamento de terra durante a última reforma da casa, realizada cerca de dez anos antes do resgate. Antes da coleta pelo Naturatins, o jabuti ficou abrigado em um banheiro reservado.
Recuperação e adaptação
No Cefau, os especialistas constataram que o jabuti media 35 centímetros de comprimento por 29 de largura e pesava quase três quilos. Foi identificada uma deformidade no casco, que necessitou de restauração realizada em parceria com a UniCatólica.
Segundo a coordenadora Mayumi, o animal apresentou inicialmente sensibilidade à luz, superada com o tratamento. A equipe também readaptou sua dieta e monitorou seu comportamento social. "Ele apresentou comportamento esperado para um jabuti", explicou Mayumi.
Fatores que permitiram a sobrevivência
O biólogo Aluísio Vasconcelos de Carvalho explicou ao g1 que a sobrevivência por tanto tempo pode ser atribuída ao metabolismo lento característico da espécie, que é onívora. Outro fator provável foi a estivação – um estado de redução da atividade metabólica durante períodos de calor e seca, que economiza energia e protege contra a desidratação.
"Quando o animal está bem de saúde, está dentro do comportamento normal da espécie, a nossa preferência sempre é soltar para que ele tenha uma vida livre", comentou Mayumi Caetano Matuoca. Ela destacou que a recuperação do casco não impediu a soltura.
Destino final
A soltura ocorreu em setembro de 2025 em um ambiente adequado para garantir sua sobrevivência junto a outros animais da mesma espécie. O local exato não foi divulgado pelo Naturatins para proteção do animal. O Cefau reafirmou que seu objetivo é reabilitar animais para que retornem à natureza sempre que possível.
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