Justiça autoriza leilão de bens de Karol Digital, investigada por jogos ilegais
Veículos de luxo, como uma McLaren avaliada em R$ 3 milhões, e outros itens serão vendidos para evitar desvalorização.
A Justiça do Tocantins autorizou a venda por leilão dos bens apreendidos da influenciadora digital Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital. A decisão, proferida pelo juízo da Comarca de Araguaína na sexta-feira (12), atende a um pedido da Polícia Civil para evitar a deterioração do patrimônio, que inclui carros de luxo e equipamentos eletrônicos. Karol Digital é investigada por envolvimento com exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A alienação antecipada dos bens é prevista na Lei de Lavagem de Dinheiro e tem caráter cautelar. Os recursos arrecadados com os leilões serão depositados em conta judicial e ficarão à disposição da Justiça até o fim do processo penal. Em caso de condenação definitiva, a ré perderá os bens.
Bens de luxo e risco de desvalorização
Entre os itens que serão levados a leilão estão veículos de alto padrão, como uma McLaren Artura avaliada em cerca de R$ 3 milhões e um Porsche no valor de R$ 979 mil. A decisão judicial foi baseada em relatórios do Núcleo de Recuperação de Ativos da Polícia Civil (NURAT), que apontaram o risco de desvalorização e a dificuldade de manutenção dos bens sob custódia do Estado.
A Polícia Civil argumentou que a demora no processo "não pode resultar na perda do valor dos ativos". A Secretaria de Segurança Pública (SSP) reforçou que a medida visa preservar o interesse público e o resultado da ação penal contra a influenciadora.
Operação Fraus e volume financeiro
Karol Digital foi presa em 22 de agosto deste ano durante a Operação Fraus, em Araguaína. Ela ficou detida na Unidade Penal Feminina de Ananás até 28 de novembro, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) converteu sua prisão em domiciliar. Seu namorado, Dhemerson Rezende Costa, também foi preso e segue na Casa de Prisão Provisória de Araguaína.
As investigações apontam que a influenciadora movimentou R$ 217,6 milhões entre 2019 e 2024, por meio de 30 contas bancárias em 13 instituições. Somente em depósitos pessoais, ela recebeu mais de R$ 37 milhões de plataformas de jogos ilegais. A polícia apreendeu sete veículos de luxo, sete imóveis – incluindo a "Mansão da Digital" – e uma fazenda avaliada em R$ 8 milhões.
Esquema de divulgação enganosa
Segundo as investigações, Karol Digital simulava ganhos em apostas para promover plataformas ilegais de jogos de azar. Conversas apreendidas revelaram que ela cobrava até R$ 30 mil para divulgar sites de jogos, apesar de afirmar publicamente não ter contratos com essas empresas. A prática configura crime contra a economia popular.
O g1 pediu posicionamento à defesa de Karol Digital sobre a decisão de leilão dos bens, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Os bens agora passarão por avaliação oficial antes de serem levados a leilão judicial.
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