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STF autoriza retorno de Wanderlei Barbosa ao governo do Tocantins por liminar
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STF autoriza retorno de Wanderlei Barbosa ao governo do Tocantins por liminar

Decisão do ministro Nunes Marques revoga afastamento de 180 dias determinado pelo STJ por suspeitas de desvios na pandemia.

Redação
Redação

5 de dezembro de 2025 ·

O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou por meio de uma liminar o retorno de Wanderlei Barbosa (Republicanos) ao cargo de governador do Tocantins. A decisão, publicada nesta sexta-feira (5), ainda deverá ser referendada pela segunda turma da Corte. O governador estava afastado há três meses, por suspeita de desvio de recursos públicos em contratos para compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.

As informações foram confirmadas pelo advogado de defesa de Wanderlei Barbosa, Felipe Fernandes. Em nota, a defesa afirmou que "recebe com serenidade a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal proferida na data de hoje, a qual viabiliza o seu retorno ao cargo para o qual foi legitimamente eleito".

Fundamentação da decisão

Na liminar, o ministro Nunes Marques argumentou que o afastamento causa impacto na continuidade da Administração Pública às vésperas de ano eleitoral, "gerando grave instabilidade política e jurídica". Segundo ele, o afastamento de um chefe do Poder Executivo exige fundamentação robusta e demonstração inequívoca de necessidade.

O ministro também apontou que os indícios apurados pela polícia não se mostram "contemporâneos à medida cautelar de afastamento" e destacou que a Procuradoria-Geral da República se manifestou contrária ao afastamento durante o curso do processo.

Operação Fames-19

Wanderlei Barbosa e a primeira-dama, Karynne Sotero, foram afastados no dia 3 de setembro de 2025, com prazo de 180 dias, por decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A medida foi referendada pela Corte Especial do órgão. Os dois são suspeitos de desvios de recursos públicos realizados em 2020 e 2021, período de emergência em saúde pública.

Na época, Wanderlei Barbosa era o responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos para ajudar a população durante a pandemia. A Polícia Federal investiga crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa.

Novas investigações e obstrução

Wanderlei Barbosa foi alvo novamente da Polícia Federal no dia 12 de novembro de 2025, suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Operação Fames-19. Na ocasião, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins.

A PF identificou indícios de que alguns investigados teriam usado veículos oficiais para retirar e transportar documentos de interesse da investigação, causando embaraço às apurações. No dia da operação, policiais que foram à casa do governador encontraram luzes acesas e uma televisão ligada. O aparelho celular de Barbosa apresentava sinais de ter sido "resetado", com o sistema restaurado para as configurações de fábrica.

Próximos passos

A decisão liminar do ministro Nunes Marques suspende o afastamento até o julgamento final do writ no STF. As investigações sobre os desvios em contratos de cestas básicas, no entanto, continuam em curso e tramitam sob sigilo na Corte Especial do STJ.

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