Tadalafila: Genérico é o 5º remédio mais vendido do Brasil em 2024 e preocupa médicos com uso indiscriminado

Por Redação 04 abr, 2025

Popularizada por músicas como o hit dos Barões da Pisadinha — “Sabe qual é o segredo pra aguentar a noite todinha? Tadalafila!” —, a substância usada no tratamento da disfunção erétil tornou-se um fenômeno de vendas no Brasil. Em 2024, o genérico da tadalafila alcançou o 5º lugar no ranking de medicamentos mais vendidos no país, com mais de 61,2 milhões de unidades comercializadas, segundo dados da IQVIA divulgados pela PróGenéricos.

Minas Gerais foi o segundo Estado com maior consumo, representando 12,44% das vendas nacionais, com mais de 7,6 milhões de unidades — uma alta de 47,3% em comparação com 2023. São Paulo lidera o ranking, com mais de 12,7 milhões de unidades (20,82%).

Embora seja um medicamento eficaz para casos clínicos específicos, médicos alertam para o uso recreativo e sem orientação médica, especialmente por homens jovens, entre 20 e 35 anos, que recorrem à tadalafila para melhorar a performance sexual ou até mesmo como pré-treino em academias.

É preocupante, pois o uso sem necessidade pode causar efeitos colaterais sérios, como dor de cabeça, alterações cardíacas e até dependência psicológica”, explica o urologista Maxmillan Alkimin, do Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais.

A tadalafila é um vasodilatador indicado para tratar disfunção erétil, hipertensão pulmonar e hiperplasia prostática benigna. Apesar de exigir receita médica, a prescrição não precisa ser retida nas farmácias, o que facilita o acesso e a automedicação.

Farmacêuticos alertam, mas reforçam importância do acesso

Márcia Alfenas, presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), afirma que o problema deve ser combatido com conscientização, não com restrições.

As pessoas precisam entender que o medicamento deve ser usado para a finalidade correta. Mudar a tarja ou dificultar a venda pode prejudicar quem realmente precisa”, pontua.

Fiscalização e punições

A Anvisa reforça que a venda deve ser feita apenas por farmácias regularizadas e alerta que o uso do remédio para fins diferentes do previsto pode gerar punições, como multas de até R$ 1,5 milhão, interdição e cassação do alvará de funcionamento do estabelecimento.

Entre a curiosidade e o risco

O jornalista Marcelo*, de 30 anos, revela que começou a usar tadalafila por curiosidade, aos 29. “Queria ver como seria meu desempenho. Funcionou e continuei usando em ocasiões especiais. Tento dosar para evitar efeitos colaterais”, contou. O relato reflete uma tendência crescente que preocupa os especialistas: a banalização de medicamentos com potencial impacto à saúde cardiovascular e psicológica.

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