Incêndios na Ilha do Bananal: Combate e Desafios

Nos últimos dias, o aumento da velocidade do vento alimentou ainda mais os focos de incêndio na Ilha do Bananal. O cenário de destruição na maior ilha fluvial do mundo, e ponto de encontro entre o cerrado, o pantanal e a amazônia, preocupa os órgãos de preservação ambiental. O Ministério da Defesa autorizou o uso de militares do 22º Batalhão de Infantaria do Exército na operação de combate ao fogo. São 160 homens que devem começar a trabalhar neste domingo (15), primeiro na Ilha do Bananal e depois em outras regiões do Tocantins. Atualmente apenas 40 brigadistas atuam na região. A única aeronave disponível para os combatentes é de pequeno porte e transporta apenas três pessoas por viagem. As chamas ultrapassaram os aceiros e as contenções que tinham sido feitas pelos brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), invadindo áreas atingidas por queimadas em anos anteriores. Em agosto deste ano, o Ministério do Meio Ambiente deslocou dois helicópteros que atendiam os incêndios na Ilha do Bananal para outros estados. Desde então, a situação se agravou por causa da piora nas condições climáticas e pela dificuldade de deslocamento das equipes. A Ilha do Bananal teve 250 mil hectares destruídos pelas queimadas neste ano. Os incêndios vêm ameaçando indígenas que vivem na região. O fogo se aproxima de pelo menos três aldeias, entre elas a Imotxi II, no interior da ilha. A força-tarefa tem atuado no combate ao fogo na Mata do Mamão, que fica dentro da Ilha e onde foram queimados aproximadamente 8 mil hectares. A região é abrigo de indígenas que vivem isolados. Apesar do combate ser realizado dia e noite, as equipes precisam de apoio de mais brigadistas e equipamentos. Além das vegetações animais que vivem no estado também sofrem com as queimadas. Em São Miguel do Tocantins, uma preguiça morreu carbonizada e outra foi resgatada com ferimentos após um incêndio florestal no dia 31 de agosto. Em Paraíso do Tocantins, na região central, um animal silvestre foi resgatado de um incêndio com queimaduras nos olhos, patas, focinho. O preá, pequeno roedor da família dos caviídeos, "primo" dos porquinhos-da-índia, acabou perdendo a visão. ICMBio e Ibama combatem incêndios florestais no Parque Nacional do Araguaia, na Ilha do Bananal, Tocantins, desde 13 de julho. Inicialmente, 24 brigadistas foram mobilizados, número que aumentou para 85 em agosto. Atualmente, há 75 brigadistas na região. Profissionais de outras Unidades de Conservação, como os Parques Nacionais da Chapada Diamantina e da Chapada dos Veadeiros, foram realocados para ampliar o combate. O foco principal é proteger a Mata do Mamão, área com grande biodiversidade e indícios de indígenas isolados. Até o momento, as operações conseguiram controlar a propagação dos incêndios nesta região dentro do parque. As terras indígenas da Ilha do Bananal, que abrigam diversas etnias, também são prioridade. A ilha inteira, com quase 2 milhões de hectares, enfrenta múltiplos focos de incêndio. No domingo, 80 militares do Corpo de Bombeiros reforçarão os esforços na ilha. Nos últimos dois meses, dois helicópteros foram utilizados. Hoje, uma das aeronaves permanece na região, após a outra ser deslocada para a Terra Indígena Capoto/Jarina, que enfrentava situação mais grave na ocasião. O uso de aeronaves e brigadistas é constantemente revisado, considerando os cenários climáticos, a situação de outras Unidades de Conservação e a disponibilidade financeira. A população local deve evitar o uso de fogo para limpeza de pastos e terrenos durante este período crítico.

Setembro 14, 2024 - 20:50
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Incêndios na Ilha do Bananal: Combate e Desafios

Nos últimos dias, o aumento da velocidade do vento alimentou ainda mais os focos de incêndio na Ilha do Bananal. O cenário de destruição na maior ilha fluvial do mundo, e ponto de encontro entre o cerrado, o pantanal e a amazônia, preocupa os órgãos de preservação ambiental.

O Ministério da Defesa autorizou o uso de militares do 22º Batalhão de Infantaria do Exército na operação de combate ao fogo. São 160 homens que devem começar a trabalhar neste domingo (15), primeiro na Ilha do Bananal e depois em outras regiões do Tocantins.

Atualmente apenas 40 brigadistas atuam na região. A única aeronave disponível para os combatentes é de pequeno porte e transporta apenas três pessoas por viagem.

As chamas ultrapassaram os aceiros e as contenções que tinham sido feitas pelos brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), invadindo áreas atingidas por queimadas em anos anteriores.

Em agosto deste ano, o Ministério do Meio Ambiente deslocou dois helicópteros que atendiam os incêndios na Ilha do Bananal para outros estados. Desde então, a situação se agravou por causa da piora nas condições climáticas e pela dificuldade de deslocamento das equipes.

A Ilha do Bananal teve 250 mil hectares destruídos pelas queimadas neste ano. Os incêndios vêm ameaçando indígenas que vivem na região. O fogo se aproxima de pelo menos três aldeias, entre elas a Imotxi II, no interior da ilha.

A força-tarefa tem atuado no combate ao fogo na Mata do Mamão, que fica dentro da Ilha e onde foram queimados aproximadamente 8 mil hectares. A região é abrigo de indígenas que vivem isolados. Apesar do combate ser realizado dia e noite, as equipes precisam de apoio de mais brigadistas e equipamentos.

Além das vegetações animais que vivem no estado também sofrem com as queimadas. Em São Miguel do Tocantins, uma preguiça morreu carbonizada e outra foi resgatada com ferimentos após um incêndio florestal no dia 31 de agosto.

Em Paraíso do Tocantins, na região central, um animal silvestre foi resgatado de um incêndio com queimaduras nos olhos, patas, focinho. O preá, pequeno roedor da família dos caviídeos, "primo" dos porquinhos-da-índia, acabou perdendo a visão.

ICMBio e Ibama combatem incêndios florestais no Parque Nacional do Araguaia, na Ilha do Bananal, Tocantins, desde 13 de julho.

Inicialmente, 24 brigadistas foram mobilizados, número que aumentou para 85 em agosto. Atualmente, há 75 brigadistas na região. Profissionais de outras Unidades de Conservação, como os Parques Nacionais da Chapada Diamantina e da Chapada dos Veadeiros, foram realocados para ampliar o combate.

O foco principal é proteger a Mata do Mamão, área com grande biodiversidade e indícios de indígenas isolados. Até o momento, as operações conseguiram controlar a propagação dos incêndios nesta região dentro do parque.

As terras indígenas da Ilha do Bananal, que abrigam diversas etnias, também são prioridade. A ilha inteira, com quase 2 milhões de hectares, enfrenta múltiplos focos de incêndio. No domingo, 80 militares do Corpo de Bombeiros reforçarão os esforços na ilha.

Nos últimos dois meses, dois helicópteros foram utilizados. Hoje, uma das aeronaves permanece na região, após a outra ser deslocada para a Terra Indígena Capoto/Jarina, que enfrentava situação mais grave na ocasião.

O uso de aeronaves e brigadistas é constantemente revisado, considerando os cenários climáticos, a situação de outras Unidades de Conservação e a disponibilidade financeira.

A população local deve evitar o uso de fogo para limpeza de pastos e terrenos durante este período crítico.