Hackers à solta: como os ataques cibernéticos estão colocando a segurança pública em risco
Hackers à solta: como os ataques cibernéticos estão colocando a segurança pública em riscoHá pouco mais de uma semana, um 'incidente grave de segurança cibernética', nas palavras do próprio governo, travou um sistema eletrônico por onde tramitam processos de nove ministérios. O evento foi provocado pela ação de hackers que tentavam invadir os computadores para roubar dados pessoais e sigilosos da população. O sério ataque fez com que a administração levasse uma semana até restabelecer totalmente os serviços. Os autores do ato criminoso e a sua extensão ainda são investigados pela Polícia Federal e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas uma coisa é possível dizer: é mais um na longa — e preocupante — rotina recente de atentados do tipo a órgãos de Estado.O quadro de insegurança cibernética no país só vem piorando nos últimos anos. Desde 2020, foram mais de 50 000 casos, incluindo registros de violações de segurança das redes federais e alertas de vulnerabilidades emitidos pelo Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos (CTIR). Nesse período, foram quase 5 000 ocorrências comprovadas de vazamento de dados confidenciais, sendo 3 253 só neste ano. Alguns dos ataques renderam prejuízos reais, como o roubo de dados bancários de quase 1 milhão de brasileiros em doze invasões ao cadastro nacional de chaves Pix.A crise de cibersegurança não se restringe ao Brasil. Em 2023, governos pelo mundo sofreram, em média, 1 598 ataques cibernéticos semanais. Uma tática frequente é o ataque DDoS, em que um site é acessado milhares de vezes por segundo até entrar em colapso. No ano passado, o Brasil sofreu 685 000 investidas do tipo.O governo reconhece o problema, tanto que deu um primeiro passo em dezembro de 2023 ao criar o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber). Vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional ( GSI ), o grupo trabalha para elaborar uma política nacional que inclua treinamento de equipes, fiscalização da infraestrutura de prevenção e punição aos cibercriminosos.A proposta agrada ao setor privado, que já prioriza o combate a cibercrimes e vê o governo como agente fundamental na criação de uma cultura de segurança. 'O Brasil tem boas leis e regulações de proteção de dados, mas é preciso implementar o ensino de cibersegurança já na educação básica para construir uma camada humana de proteção, não apenas tecnológica', defende Rony Vainzof, diretor de defesa e segurança da Fiesp e sócio fundador do escritório VLK Advogados.
Hackers à solta: como os ataques cibernéticos estão colocando a segurança pública em risco
Há pouco mais de uma semana, um 'incidente grave de segurança cibernética', nas palavras do próprio governo, travou um sistema eletrônico por onde tramitam processos de nove ministérios. O evento foi provocado pela ação de hackers que tentavam invadir os computadores para roubar dados pessoais e sigilosos da população. O sério ataque fez com que a administração levasse uma semana até restabelecer totalmente os serviços. Os autores do ato criminoso e a sua extensão ainda são investigados pela Polícia Federal e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas uma coisa é possível dizer: é mais um na longa — e preocupante — rotina recente de atentados do tipo a órgãos de Estado.
O quadro de insegurança cibernética no país só vem piorando nos últimos anos. Desde 2020, foram mais de 50 000 casos, incluindo registros de violações de segurança das redes federais e alertas de vulnerabilidades emitidos pelo Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos (CTIR). Nesse período, foram quase 5 000 ocorrências comprovadas de vazamento de dados confidenciais, sendo 3 253 só neste ano. Alguns dos ataques renderam prejuízos reais, como o roubo de dados bancários de quase 1 milhão de brasileiros em doze invasões ao cadastro nacional de chaves Pix.
A crise de cibersegurança não se restringe ao Brasil. Em 2023, governos pelo mundo sofreram, em média, 1 598 ataques cibernéticos semanais. Uma tática frequente é o ataque DDoS, em que um site é acessado milhares de vezes por segundo até entrar em colapso. No ano passado, o Brasil sofreu 685 000 investidas do tipo.
O governo reconhece o problema, tanto que deu um primeiro passo em dezembro de 2023 ao criar o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber). Vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional ( GSI ), o grupo trabalha para elaborar uma política nacional que inclua treinamento de equipes, fiscalização da infraestrutura de prevenção e punição aos cibercriminosos.
A proposta agrada ao setor privado, que já prioriza o combate a cibercrimes e vê o governo como agente fundamental na criação de uma cultura de segurança. 'O Brasil tem boas leis e regulações de proteção de dados, mas é preciso implementar o ensino de cibersegurança já na educação básica para construir uma camada humana de proteção, não apenas tecnológica', defende Rony Vainzof, diretor de defesa e segurança da Fiesp e sócio fundador do escritório VLK Advogados.